sábado, outubro 08, 2011

CRÔNICAS ETOS




Em o BANQUETE, um famoso escrito sobre o desejo, Platão descreve um jantar no qual o dramaturgo Aristófanes conta uma história mítica explicando o porque temos um anseio tão profundo pela união com o outro.


Há muito tempo, conta Aristófanes, havia deuses no céu e seres humanos na terra. Os seres humanos daqueles tempos, tinham DUAS cabeças, QUATRO pernas e QUATRO braços : ou seja, a fusão perfeita de duas pessoas, unidas, inteiriça num único ser.


Éramos todos felizes, pois tínhamos o parceiro costurado no próprio tecido do nosso ser. Não tínhamos necessidades; não havia conflitos. Éramos inteiros.


Por nos tornarmos orgulhosos, deixamos de adorar os deuses e fomos punidos. O poderoso Zeus nos puniu cortando ao meio todos os seres humanos. Zeus impôs à humanidade uma dolorosa condição: a sensação constante de que não somos inteiros. Pelo resto da eternidade os seres humanos nasceriam sentindo a falta de alguma coisa, a metade perdida, que quase amamos mais do que a nós mesmos, e que essa parte que falta esta por aí, em algum lugar no universo na forma de outra pessoa. A COMPLETUDE.


Mas Aristófanes avisou que a realização desse sonho de completude pelo amor é impossivel.


A união sexual pode fazer alguém se sentir temporáriamente completo e saciado; Aristófanes conjecturou que Zeus deu aos seres humanos o dom do orgasmo por pena. Quando acreditamos ter achado a outra metade, o mais provável é que tenhamos achado alguém em busca da sua metade, alguém igualmente que acredita ter encontrado em nós a completude.


_ Eu... como você sabe? ser à loira a mensageira dos desatinos épicos dos deuses.


_ Não sei, pode ser a loira, a morena e ou...


A essência é tudo que restou do todo, estraçalhado pelas inumeras encarnações, trazendo-nos lembranças e noticias do todo.


Nesta mesma vida, já encontrei e já fui encontrado, com os fragmentos de completudes. Por mais que no final, essas experiências possam ser dolorosas, detestaria ver alguém passar a vida inteira sem saber como é metamorfosear-se eufóricamente no ser de outra pessoa.


A propósito, aqui neste contexto, a loira "burra" é uma alegoria, não tem nada a ver com QI e sim com profundidade; cofre; para guardar seus MEDOS, a praga de Zeus.


Assim continuamos de encarnações sucessivas, buscando conhecimento pleno do " EU ".


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