" Perdi o mundo inteiro, perdi a mim "
_ Oi... olá! o que você esta falando ?
_ O que! é Goethe, ele escreveu esta frase, após Ulrike, uma beldade de 19 anos, recusar suas propostas de casamento. Aos 71 anos ele estava perdidamente apaixonado.
Mas, já que se intrometeu, quem é você ?
_ Pode me chamar de Etos, já me conhece, sou sua natureza emocional, sua disposição interior, lembra-se quando jogava xadrez só, na realidade era comigo o embate. Agora vamos ter oportunidades de ampliarmos esta camaradagem. Bem... mas continue, você estava falando sobre paixão.
Pois é, Freud definiu a paixão como " supervalorização do objeto ". Quando nos apaixonamos por alguém, na verdade não estamos olhando aquela pessoa; só ficamos cativados pelo nosso próprio reflexo, projetamos um sonho de completude em alguém. Neste estado, concluimos coisas espetaculares sobre nosso amante, que podem ser ou não verdadeiras, afinal a Vênus de um é a loira burra do outro.
_ Opa! o que você tem contra as loiras ?
_ Ora...nada, é só uma frase, é só uma maneira de dizer que, a realidade sai do palco assim que a paixão entra em cena, fazemos coisas malucas.
_ Hum... interessante, sabe, to pensando, acho que vou te chamar de " EU " posso?
_ Isso não é nome, é um pronome pessoal da primeira pessoa.
_ Esqueça essa coisa de gramática, o nome " EU " é a personalidade de quem fala, é perfeito, assim posso me sentir mais íntimo na nossa amizade.
_ Meu caro" Etos", você é bem estranho.
_ Meu caro "EU", você também o é, só finjo não entender. Portanto vamos deixar este estado de loucura narcísico.
_ Tá, parei na loira, e faz tempo, não que falte morena, penso que esta questão é relativa, mas no momento a loira leva com ela, dentro dela, a completude, a minha completude.
_ Eu...Eu... ela sabe, acho que não, geralmente elas nunca sabem, elas não entendem. E tem fatores conflitantes para a entrega desta mensagem. Por sermos tão complexos em termos emocionais, passamos por duas puberdades na vida. A primeira é quando o nosso corpo se torna maduro para o sexo; e a segunda é quando a nossa mente se torna madura para o sexo. Os dois fatos podem estar separados por muitos e muitos anos e a maturidade emocional só venha com a experiência e as lições da vida.
_ Etos, já que a paixão é um vício com efeito químico mensurável sobre o cérebro, alimento a fantasia sobre a pessoa amada.
Quando ela ataca, a paixão leva ao pensamento evasivo, a gente não se concentra em nada, emprego, relacionamento, responsabilidades, amizades...tudo pela união com o outro, voltamos a completar a nossa forma original e nunca mais sentiríamos solidão pela não completude.
Essa é a fantasia singular da intimidade humana; Um mais um, de certa forma, algum dia, será igual a Um.
( continua )
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