terça-feira, agosto 29, 2006

A CONDIÇÃO AMOROSA

Qual percepção tenaz deixaria que a teoria dos afetos, tornar-se subjugada numa sociedade?
Sociedade esta, que vigora acima do interesse individual, e este, cada vez mais distante de sua natureza primordial, sempre ao malogro do indivíduo em relação aos conceitos milenares .
Mas a verdade de cada um, tende sempre a ser garimpada, e nesta terça-feira tive meu achado, num texto do colunista Luiz Alca de Sant'anna.
" O padre e filósofo Teilhard de Chardin, autor de > O fenômeno Humano, chocou não só a igreja como toda sociedade ao desvincular o amor do altruísmo, que até então lhe impigiam, afirmando que o amor é satisfação de uma necessidade orgânica, cujas raízes são muito mais biológicas do que morais. Trocando em miúdos, o lúcido sacerdote tentou mostrar que, no amor, as pessoas não estão sendo grandiosas, sublimes, dedicadas e sim buscam, num egoísmo saudável, numa tenacidade benéfica. Tanto é que conseguiu mudar a definição de amor de SUBLIMIDADE para MOVIMENTO. Um fantástico movimento que conduz a um outro ser, no grau máximo de exaltação de um sentimento derivado da parte mais profunda da sensibilidade que gera os afetos. Assim, o amor equipara-se à felicidade no PONTO DO ÊXTASE, uma das melhores e mais belas sensações inerentes à condição humana. Partindo daí, ensinar alguém a amar é ensiná-lo a perceber (e cumprir) as suas necessidades, ensinar a perceber necessidades é ensinar a ter interesses e, finalmente, ensinar a ter interesse é abrir para o conhecimento de si e do ser amado. O amor é um aspecto do conhecimento e este, uma forma de amor...
Quem não se busca conhecer tem a auto - estima muito baixa e quem não tenta,realmente, conhecer o amante, na verdade, não o ama. Eis porque essa troca de necessidades, ao invés de tornar o amor um ato árido, inerte, insosso, o faz magnífico em sua dimensão, bipolar em sua essência: são dois egoísmos que se defrontam, duas necessidades que se interpenetram, dois interesses que se cruzam, duas vidas que chegam à interação! O que se pode querer mais? Seria exigir demais dele e da própria existência. Qual é então a condição amorosa? Que os parceiros se tornem equivalentes em necessidades a ponto de que a relação tenha interesse equilibrado. Que se mantenham no mesmo patamar, não permitindo que descambe para o DEIXAR AMAR, que destrói o próprio movimento. A teoria está lindamente contida no poema de Florbela Espanca:
> Eu quero amar, amar perdidamente/amar só por amor:aqui...além/Mas este e aquele o outro e toda a gente/Amar e não me prender a ninguém/Recordar?Esquecer?Indiferente/Prender ou desprender?É mal É bem?/Quem disser que se pode amar somente alguém durante a vida inteira é porque mente.../Há uma necessidade em cada vida como primavera mais florida/Que é preciso sempre e sempre resgatar/E se um dia hei de ser pó, cinza e nada!Que seja a minha noite uma alvorada/Que eu saiba me perder para me encontrar!
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