terça-feira, abril 30, 2013

CORPO, SAGRADO, PROFANO, UMA HIEROGAMIA...

Toda hierogamia constitui-se num paradoxo. Manifestando o sagrado, um objeto qualquer torna-se outra coisa, e contudo, continua a ser ele mesmo, porque continua a participar do seu meio cósmico envolvente.
Sagrado/profano traduz-se muitas vezes como uma oposição entre real e irreal.
Quando revemos a história, as religiões primitivas celebravam a fertilidade, a sexualidade, a paixão sexual como um elemento que deflagrava uma experiência extática.
Nos momentos em que os amantes transcendiam em outra dimensão, tinham como certo uma experiência sagrada.
Muitas culturas considera sexualidade e espiritualidade como intimamente ligadas, porém em outras sempre houve separação entre " carne " e " espirito " sendo difícil se imaginar o prazer erótico ligado à experiência espiritual.
As religiões antigas nos fazem lembrar de algo que nossas religiões tem esquecido. A espiritualidade esta fundamentada no corpo. Ela não é uma qualidade intangível onde virgens ou celibatários possuem; ela é o fruto natural de um envolvimento terreno e prazeroso com a vida.
Combinações entre sexo e religião nos traz a mente á Grécia antiga; deuses e deusas, como: Afrodite, Eros, Dionísio; que dedicavam-se ao amor, à sexualidade e às paixões do corpo.
Em nossa cultura atual, quando essas sensações extáticas ocorrem na cama, relutamos em chamá-las de espirituais e em classifica-las como experiências sagradas. Tendemos a deixar Deus na igreja e esquecemos que o sagrado perneia tudo na vida - até mesmo o reino sexual.
Nas religiões antigas esse tipo de êxtase sexual constitui uma hierogamia, uma manifestação do sagrado.
O amor sexual pode nos levar ao sagrado por si mesmo. Mas também incendeia o fogo da paixão romântica, que traz possibilidades espirituais.
Quando um homem se apaixona por uma mulher que excita tanto sua alma como seus desejos eróticos mais profundos, a possibilidade de transcendência está próxima.
Quando uma mulher encontra um homem cujo próprio ser desperta-lhe o corpo e toca-lhe a alma, ela está na iminência da experiência sagrada.
Paixão sexual e êxtase romântico, são magníficas energias que caminham de mãos dadas.
...Instrumentos de repressão sexual, dicotomizou sexo e espiritualidade, milhões de pessoas cresceram, associando sexo com pecado.
Se antes, mulheres, que tinham uma posição preeminente na cultura de veneração a deusa; foi substituída na ação invasora patriarcal, os deuses e o poder masculino as coloca a um papel de subordinação.
Subjulgadas, cercaram a sexualidade feminina de tabus masculinamente introduzidos.
Mulheres que expressam sua sexualidade de maneira aberta, são estigmatizadas e humilhadas, até mesmo, por outras mulheres.
" O mito é a abertura secreta pela qual as energias inexauríveis do cosmos afluem para a manifestação cultural humana ."  -  Joseph Campbell

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